Alguém que use minhas roupas, que me fale o que vestir. Que me critique, que me elogie em momentos inesperados. Que goste da minha comida, que não goste de todas. Que me mostre o erro, que me faça acertar.
Alguém que me faça parar, que me empurre para seguir. Que me agarre na cama, que me faça levantar. Que viaje comigo, que queira ficar em casa. Que ame a noite, que aproveite o dia. Que queira muito de mim, que não queira nada.
Alguém que chore em filmes, que me fale que tal filme é ruim. Que me faça escutar canções que não gosto, que me apresente canções que nunca ouvi. Que me faça cantar, que cante comigo. Que leia meus livros, que aumente a quantidade em minha estante.
Alguém que me mostre a bondade do mundo, que me faça temer por perder. Que ame meus pais, que me faça amar os seus. Que me ligue, que me note, que anote o que falo, que me faça escrever.
Alguém que me mostre o medo da morte. Alguém que me faça viver.
[Texto inspirado no monólogo da série Fleabag e na música Being Alive de Stephen Soundhein.]
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