História de Um Casamento: 17 de maio.
- João Paulo Rodrigues
- 10 de abr.
- 2 min de leitura
Atualizado: 24 de abr.
O sol ainda dormia quando me olhei no espelho. A lua foi testemunha de sonhos que não consegui completar. Vi você deitada e me vi desabar. Era o começo de um caminho que eu não sabia por onde começar a trilhar.
As decisões de uma noite difícil afetaram a forma como olho para o futuro. E, quando a tempestade é forte, parece que o mundo conspira e tenta influenciar para que ela não se acabe.
O sofá é testemunha de sonhos que não consegui completar.
Confesso que, olhando para o meu reflexo, me desconheço. Onde foi parar toda aquela força para lutar? Será que tomei a decisão errada ao me afastar? Será que minha escolha foi equivocada ao aceitar? Porque, apesar de tanta dor, eu sei que te amo. Eu ainda te amo. E sei que você me ama. É um ato de coragem deixar partir um amor que se aprendeu a ter?
Por mais que eu veja seu corpo em nossa casa, eu não sei onde foi parar o seu olhar.
Apesar de tudo, eu decidi partir para que você se sentisse bem. Não queria que me visse chorando pelos cantos. Não quero te ver chorar. Agarrar-se ao tempo apenas para se confortar não faz parte do que somos. E que o tempo me ajude a aceitar. Porque nem sempre partir é uma escolha, nem sempre é verdade. Às vezes, a gente parte, mas algo fica. E, se a dor é necessária para essa sala, que seja eu a carregar o peso nas costas.
Aos seus olhos, sei que pode parecer que minhas últimas atitudes foram uma tentativa de fazer você se reaproximar de mim. Não são. São atos do último ato. Aproveitar sua presença enquanto posso, mesmo sabendo que o tempo está acabando. Dói. Ainda dói.
Talvez as escolhas que antecederam essa decisão não tenham sido as melhores, mas, como você sempre me disse: nada é em vão.
O sol ainda dorme enquanto me olho no espelho. A lua é testemunha de um sonho que eu não consegui completar. As lágrimas são cumplices de palavras que não consegui consertar.
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